A nova safra de poemas em prosa abriga porção razoável de poemas amorosos, com os quais, visivelmente, se deita e deleita o autor. Mas nem só de Eros vive o poemista em prosa, assegura Iná Camargo Costa: “O leitor que também se dispuser a polir este chinelo sem medo dos acidentes (que ocorrerão com toda a certeza), vai tropeçar numa miniepopeia destes tempos desgovernados e destemperados, sempre resistindo à sugestão, ao convite ao suicídio desta inóspita paisagem. Conquistará o direito de também bufarinhar insignificâncias sem pedir perdão para o pleonasmo. E, se atinar com a trama, também se boquiabrirá diante dos nós das hipocrisias que persistem. A grande literatura sempre foi o depoimento rebelde sobre o seu tempo”.
Sonetos em prosa & poemicos
R$9,90Sonetos em prosa, que abre o volume, reage por assim dizer à impressão visual que tivemos, jovem ainda, ao deparar os sonetos shakespearianos. E quando digo impressão visual, não faço figura, é isto mesmo, impressão retida em retina, os catorze versos de negro no deserto da página luzindo, com seu dístico final entrado – e saindo da combalida caravana, à moda de beduínos se desgarrando sabe Alá por obra de qual miragem. Que diabos tem que ver com essa alegoria desengonçada o bardo inglês, não me perguntem. Que diabos também tinha eu de soletrá-lo com meu inglês vigário?! O que se pode perguntar, é o que sempre me pergunto, por que publicar “poesias” quem não é poeta? Quem nunca…
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