Como saber se um livro é bom ou ruim?
Quais são as armadilhas mais comuns que empobrecem um texto?
Elementos como argumento inicial, personagens, ambientação e trama são importantes na estrutura de um livro. Mas o que faz um texto literário ser de fato considerado bom ou ruim está na forma da escrita.
O problema é que a avaliação de um texto literário, como das demais expressões artísticas, é subjetiva. Mesmo submetida à leitura de profissionais como críticos, júris de prêmios e editores, há distintas percepções e avaliações para uma mesma obra. Determinar o melhor livro não é uma ciência exata.
O conjunto de resenhas e opiniões publicadas por profissionais é importante para iluminar as qualidades de um texto e, muitas vezes, guiam a leitura do leitor comum.
Já no caso de um livro com problemas básicos, fica mais claro e fácil de se chegar a um consenso. Em poucas páginas é possível encontrar erros que evidenciam os problemas da escrita.
Dito isso, conheça 5 armadilhas da escrita literária que empobrecem o texto de um livro:
- Clichês
- Redundância
- Verbos genéricos
- Excesso de adjetivos e advérbio
- Diálogos Inautênticos
As 5 armadilhas muito comuns e que devem ser evitadas pelos escritores, em detalhes:
1. Clichês
Frases, expressões ou construções linguísticas que são usadas com tanta frequência que perderam o impacto. Veja alguns exemplos comuns:
- “luz no fim do túnel” como uma metáfora para a esperança ou uma solução em meio a dificuldades;
- “olhos nos olhos” para descrever um encontro ou confronto direto entre personagens;
- “morrer de rir” para descrever uma risada intensa.
Releia seu texto, observe se não está fazendo uso de clichês e procure encontrar formas originais de se expressar.
2. Redundância
Ocorrem quando informações são repetidas de maneira desnecessária ou quando se utiliza mais palavras do que o necessário para transmitir uma ideia. A redundância polui o texto. Veja alguns exemplos comuns:
- Vi com os meus próprios olhos
O uso de “com os meus próprios olhos” é redundante, já que “ver” implica usar os próprios olhos. - Repetir novamente
“Repetir” implica fazer algo novamente, tornando essa expressão redundante. - Há anos atrás
O termo “há anos” já indica que se refere a um período no passado, tornando “atrás” redundante. - Planos futuros
Todos os planos se referem ao futuro, portanto, “futuros” é desnecessário. - Elo de ligação
“Elo” e “ligação” têm o mesmo significado, tornando essa expressão redundante.
3. Verbos genéricos
Verbos genéricos são muito utilizados, muitas vezes em detrimento de verbos mais específicos e descritivos. Veja alguns exemplos comuns:
Achar | Dizer | Ouvir | Sentir |
Acreditar | Falar | Parecer | Ser |
Amar | Fazer | Pegar | Ter |
Dar | Gostar | Poder | Tomar |
Deixar | Ir | Saber | Ver |
Esses verbos podem ser usados em uma ampla variedade de contextos e não fornecem informação específica sobre a ação ou o estado em questão. Para tornar a escrita mais vivaz, verifique se é possível substituí-los por opções mais precisas e que transmitam um significado mais complexo. Em vez de “andar”, seria possível utilizar “flanar”, “marchar” ou “avançar”?
4. Excesso de adjetivos e advérbios
O excesso de adjetivos e advérbios pode tornar a escrita redundante e menos envolvente, podendo enfraquecer a prosa. Veja alguns exemplos:
- O cão correu pelo gramado verde
“Gramado verde” é uma redundância, já que a grama é naturalmente verde. - O vento forte e violento sacudiu as árvores altas e majestosas
Aqui, há uma sobreutilização de adjetivos para descrever o vento e as árvores. “Forte” e “violento” podem ser suficientes, e “altas e majestosas” também é um exemplo de excesso de adjetivos. - O pássaro cantou alegremente no topo da árvore
O advérbio “alegremente” pode ser considerado redundante, já que o canto de um pássaro é frequentemente associado a um estado de alegria (Exceto o canto do corvo, como sabia Edgar Allan Poe).
É importante lembrar que adjetivos e advérbios têm um papel importante na descrição e na criação de atmosfera, mas o equilíbrio é essencial para manter a clareza e o ritmo na narrativa. Em vez de dizer “correr muito rápido”, você poderia dizer “disparar”.
5. Diálogos inautênticos
Diálogos que soam artificiais, forçados ou não refletem a maneira real como as pessoas falam. Veja alguns exemplos:
- Excesso de exposição
Quando personagens compartilham informações de forma artificial, apenas para informar o leitor. - Diálogos excessivamente descritivos
Personagens descrevem detalhadamente coisas que ambos já conhecem, como se estivessem falando para o leitor em vez de conversar naturalmente. - Falas excessivamente formais ou polidas
Personagens falam de maneira extremamente educada ou cerimoniosa, mesmo em situações informais. - Monólogos em forma de diálogo
Um personagem fala por muito tempo, sem interrupções, como se estivesse fazendo um monólogo. Os outros personagens apenas ouvem.
Agora que você já conhece as 5 armadilhas estilísticas da escrita, veja o que é essencial para escrever um bom livro ficcional. Leia 5 princípios para escrever um livro.
imagem @acespilotro com a ajuda de IA