Presente em quase todos os setores, pensemos como a Inteligência Artificial impacta o mundo dos livros
Para muito além de uma ferramenta que auxilia um escritor na pesquisa sobre determinado assunto ou época, a geração de um livro integralmente feita por Inteligência Artificial (IA) levanta questões como plágio (embora a IA não copie conteúdo, ela aprende com padrões) e a propriedade da obra.
A jornalista inglesa Zoe Kleinman, editora de tecnologia da BBC News, ganhou de uma amiga um presente de Natal inusitado: um livro “bestseller” supostamente de sua própria autoria com seu nome e foto estampados na capa.
Intitulado Tech-Splaining for Dummies, algo como “Tecnologia explicada para leigos” em tradução livre, o livro foi inteiramente gerado por IA a partir de algumas poucas informações sobre a jornalista fornecidas pela amiga ao encomendar o livro.
O resultado surpreendeu Zoe por imitar seu estilo de escrita verborrágico, além de ser muito engraçado em algumas passagens. Por outro lado, o texto prolixo e muito repetitivo dificultou a leitura, além de conter imprecisões e alucinações, segundo a jornalista.

Existem dezenas de empresas que oferecem o serviço de geração de livros inteiros por IA. A que produziu o livro da jornalista é a BookByAnyone. Segundo a empresa, foram vendidas cerca de 150 mil exemplares desses livros personalizados, principalmente nos EUA, desde junho de 2024.
Escritores, jornalistas, roteiristas, artistas plásticos e músicos, que vivem da sua produção artística veem com fascínio mas também com preocupação a geração da produção da IA, tanto pela rapidez com que é feita como também, grosso modo, chegam a resultados surpreendentemente parecidos com relação aos originais.
Em 2023, uma canção produzida por IA generativa com as vozes dos cantores Drake e The Weeknd viralizou nas redes sociais até ser retirada das plataformas de streaming. A polêmica na área da música chamou a atenção de artistas de uma forma geral para o uso indevido do trabalho artístico pelas empresas de IA.
Então, partindo do princípio que a IA é treinada usando o trabalho dos artistas para gerar sua produção, não seria justo que o artista ou seu representante legal fossem consultados sobre a permissão de uso de seu trabalho e o licenciar se for o caso? É um debate que está em aberto envolvendo o governo, legisladores e sociedade civil para estudar propostas que protejam a indústria criativa e a cultura em cada país.
Pensando no caminho inverso, fica a questão de o quanto a IA pode ajudar artistas sérios em alguma questão de suas criações artísticas únicas.
Seja como for, e para onde caminhe a indústria, o fato é que nos próximos anos, ou meses, cada vez mais a indústria criativa será confrontada por grandes desafios colocados pela IA. Vale ficarmos atentos e acompanharmos de perto o universo da inovação tecnológica.
Foto de destaque @freepik gerado por IA
Foto da capa do livro @reprodução