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Publicar um livro é o sonho de muita gente. No entanto, sempre algo adia a sua realização.

Falta de tempo, confiança ou energia para sair da inércia e trilhar o desconhecido estão entre os motivos que fazem uma pessoa adiar a realização do seu sonho. Perceber qual é o motivo é o primeiro passo para realizá-lo.

Autora de O menino e o livreiro, Andrea Jundi conta a seguir o quanto perseguiu seu sonho e confessa como seguidamente adiou sua realização, até finalmente conseguir publicar seu primeiro livro.

E a recompensa veio cedo. O menino e o livreiro ganhou resenha e a autora deu uma entrevista para a revista Vogue sobre o livro, processo criativo, criação de personagens, inspiração, escolhas e desafios da vida de escritora.


Noite de autógrafos no lançamento do livro “O menino e o livreiro”, de Andrea Jundi

A primeira vez em que respondi à pergunta “O que você faz?” com “Sou escritora”, falei assim meio sussurrado, com frio na barriga e um sorrisinho que disfarçava o nervosismo. Depois, essa resposta ficou ecoando na minha cabeça.

Ensaiava escrever havia anos. Inserida no mundo do audiovisual, primeiro fui estudar escrita para roteiro. Passei a escrever roteiros profissionalmente e, vez ou outra, era arrebatada pelo desejo de escrever mais sobre aqueles personagens. Fui então estudar escrita literária e foram anos fazendo curso após curso.

Havia uma questão que me impedia de me dedicar exclusivamente à escrita. Apesar de gostar do meu trabalho com audiovisual, ele exige muita dedicação e entrega.

Outra questão: o medo. Achava que não estava pronta, que não era boa o suficiente para escrever. Além de duvidar que seria capaz de escrever um livro até o fim.

O fato é que um dia criei coragem e, mesmo com todo o receio e insegurança sobre minha capacidade, mudei completamente minha rotina para realizar meu sonho. Escrevi quatro horas por dia e, quando me dei conta, tinha nas mãos um livro pronto, com título e tudo.

Fui tomada por uma sensação estranha, um misto de alegria, alívio e, ao mesmo tempo, solidão. Estava perdida. Terminei de escrever meu primeiro livro mas, e agora? Não fazia ideia do que fazer com aquele manuscrito.

Mas eu tinha algo precioso: os amigos. Pedi conselhos, indicações e a ajuda veio de todos os lados. E, como já era de costume, me matriculei em mais um curso: formação de editores, o que confirmou que fazer cursos é um dos meus hobbies.

Em meio a tantos aprendizados, percebi que a escrita é absolutamente solitária. Porém, colocar o livro no mundo é algo que se faz em grupo. Contei com uma equipe formada pela família e pelos meus melhores amigos, até chegar aos profissionais que trabalham o texto para que o meu manuscrito se tornasse um livro de verdade.

Vi nascer O Menino e o Livreiro em uma autopublicação pela e-galáxia que, apesar de auto, não é nada solo. É multi. Ler os artigos no blog sobre escritoras e escritores que começaram da mesma maneira e encontraram seu próprio caminho, me encorajou.


Também comecei a ler e acompanhar a produção de escritoras contemporâneas que estão dando uma nova cara para a literatura brasileira. Vibro a cada conquista dessas mulheres e, sempre que achava que não conseguiria terminar o livro, era a potência delas que me impulsionava.

Em meio aos “vixis”, “não vai dar”, “por que fui inventar isso agora?”, que vez ou outra martelava a minha cabeça, tapava meus ouvidos e, feito criança pequena que grita mais alto que os adultos, rebati: “lalalala não estou ouvindo nadaaa!!!”. Me senti cheia de coragem por trilhar esse caminho. E com muita sorte por estar acompanhada por tanta gente legal nessa jornada.

Andrea Jundi,
instagram@andreajundi.escritora

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