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Autora da ilustração de capa de Torto arado, Aline Bispo realiza seu primeiro trabalho na e-galáxia

Quem não conhece a ilustração de capa do best-seller Torto arado (Todavia), de Itamar Vieira Junior? Inspirada na famosa fotografia de duas mulheres empunhando facões, do fotógrafo Giovanni Marrozzini, a artista visual Aline Bispo fez uma releitura ilustrada marcada por superfícies de cor que resguardam seus traços muito particulares. Em suas produções, investiga temáticas como as questões de gênero e a miscigenação brasileira, e como resultado, expressa suas inquietações.

Torto arado (Todavia), de Itamar Vieira Junior. Capa Aline Bispo | Elisa V. Randow

Aline foi sondada pela editora a ceder o uso dessa arte para a capa do livro do até então pouco conhecido Itamar Vieira Junior. Ela topou, uma vez que o trabalho já estava pronto e não pretendia fazer outro uso dele. Mais para frente, com a sintonia entre autor e ilustradora já evidenciada, foi convidada a ilustrar outras duas capas do autor sob encomenda.

Minha pesquisa parte de meu corpo-território brasileiro, pardo, negro e afroindígena

Nascida e criada no bairro do Campo Limpo, periferia da cidade de São Paulo, Aline começou a se familiarizar com o centro ao ingressar no curso superior do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo para estudar Artes Visuais. O choque entre a diversidade da expressão cultural periférica e a central aguçou seu olhar e caracteriza seu trabalho. Teve obras expostas no MASP, IMS Paulista, Pinacoteca de São Paulo, Museu Afro Brasil, Itaú Cultural, entre outros, e seu trabalho também é conhecido pelas empenas pintadas em espaços públicos da capital paulista.

A seguir, Aline nos conta um pouco sobre seu processo criativo, e sobre a experiência de fazer a ilustração para a capa do livro Verão, da série “As estações”, de Veronica Botelho.

P: Quais são as questões que norteiam seu trabalho artístico?

R: Meu trabalho nasce a partir de uma busca muito particular de quem vem de um não lugar e por isso também existe uma multiplicidade na minha produção, assim como em minha escrita e no processo curatorial. Minha pesquisa parte de meu corpo-território brasileiro, pardo, negro e afroindígena e dentro dessa pesquisa passo por temáticas que cruzam diversas miscigenações brasileiras, gênero, sincretismos religiosos e étnicos.

Como continuidade de minha produção isso se desdobra em pinturas em telas, em empenas, estampas, capas de livro, revistas e jornais. Esse espaço corpóreo múltiplo me permite também ultrapassar os limites de criação, sempre que possível.

P: Conte como foi o processo criativo para ilustrar a capa do livro Verão, de Veronica Botelho.

R: O processo se deu a partir da combinação da leitura do livro, da busca pela compreensão dos dilemas e questionamentos da personagem Rebecca e também pela conexão de referências estéticas conectadas às paisagens citadas e à própria estação do verão. Tudo isso mantendo uma identidade que já é minha, dentro da colagem digital e das ilustrações desenvolvidas para a arte de capa.

… passo por temáticas que cruzam diversas miscigenações brasileiras, gênero, sincretismos religiosos e étnicos.

P: Ao ler Verão, encontrou alguma passagem que a tenha marcado? Se tiver, qual seria?

R: Gosto muito do desfecho e da forma que ele é escrito. Não posso compartilhar nenhum trecho dessa parte aqui, pois atravessaria a entrega de diversas coisas que existem ao longo da história, mas acho que é quase uma retomada de ar, a união de inúmeros fios que atravessam o romance e ao mesmo tempo é uma abertura de um caminho para outros caminhos também.

Imagem @La Baraque/divulgação

Verão

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